Recentemente, tornou-se evidente que somos praticamente impotentes neste mundo. Depois de termos assistido a tantas imagens devastadoras, perguntamo-nos se é possível que algo assim esteja a acontecer no nosso mundo. Nossas almas estão em constante espasmo e medo diante das perguntas sobre o que vai acontecer, onde está o fim disso.
E quando nos damos um pouco de tempo para “nos controlarmos”, é esta experiência de impotência que nos ajuda a perceber que devemos confiar na Sua omnipotência. “Sem mim, nada podeis fazer”, diz Jesus (Jo 15,5). Com Ele, somos todo-poderosos. Toda a nossa força reside na nossa impotência, porque então só nos resta o facto de que “tudo posso naquele que me fortalece” (Fil 4,13). Pelo Seu poder podemos, em qualquer momento conveniente ou inconveniente, ouvir a palavra de Deus, suportar o sofrimento, fazer o trabalho de pregar a Boa Nova e cumprir plenamente o nosso dever (cf. 2Tm 4.2,5).
E o mundo de hoje precisa necessariamente da notícia do acontecimento mais importante que o céu deu à humanidade: o Filho de Deus nasceu neste planeta há dois mil anos, que viveu pelo homem, trabalhou e sofreu pelo homem, rezou e morreu pelo homem, mas também ressuscitou dos mortos. O que quer que o mundo faça, o que quer que seja, não pode satisfazer a fome de vida verdadeira, a sede de alegria verdadeira, a necessidade de paz verdadeira. Å Å”vida. E quem é que lhe pode dar mais vida, mais alegria e mais paz do que aquele que disse de si mesmo: “Eu sou a vida”? (João 14:6)
O homem será sempre capaz de sentir fome de Deus, porque o próprio Deus se encarregou de incutir no coração humano uma inquietação divina, um desejo insaciável pelo Criador. Falar de ideias nunca é em vão, porque a fonte das ideias é um desejo ardente de eternidade, uma saudade de Deus. Ou, como disse Friedrich Schlegel, o que há de mais nobre na nossa natureza. Aqui há espaço suficiente para agirmos!
E se a vida nos cansou, Jesus diz-nos (Mt 11,28-30): “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Haverá um chamamento mais belo do que este? Nenhum chamamento na humanidade se compara a este. O Senhor oferece-nos tudo, só depende de nós responder e aceitar. Isto é particularmente benéfico quando estamos sobrecarregados por dificuldades e fardos. É um apelo para vós, que estais sobrecarregados com as coisas do dia a dia, para vós que esperais no hospital por uma informação que vos é dada como um soro, que lutais todos os dias para pôr o vosso filho no bom caminho, para vós, a vós que estais sobrecarregados com as questões da existência, a vós que estais completamente perdidos na procura de sentido, que vos apegastes a ideias erradas, a vós que tendes medo dos perigos diários que emanam dos grandes e pequenos ecrãs! A vós que viveis dias difíceis de dor e de escuridão. De facto, todos nós, sem exceção, podemos encontrar-nos nas palavras de aflição e de fardo de Jesus.
Nos raios do sol nascente, Jesus derruba as pedras pesadas do nosso túmulo e conduz-nos a uma nova vida. Ele derruba o que é fraco e cheio de dificuldades na nossa vida, o que está preso nela, o que está sem vida e amor. Ele derruba as lápides da nossa solidão e culpa, e leva-nos para a abundância do Seu amor de ressurreição.
No espírito deste e de tal amor de Cristo e da sua incomensurável misericórdia Ŷ desejo a todos nós uma Páscoa alegre e salvadora!
O. Miljenko Šteko
